quarta-feira, 2 de junho de 2010

Fotos Plantas Normais e Plantas Transgênicas

Soja Transgênica


Lavoura de soja transgenica em Wisconsin, nos Estados Unidos,


Lavoura de soja transgenica em Cruz Alta, RS


Lavoura de soja convencional Mato Grosso do Sul


Lavoura de soja convencional em Mutum Mato



 Soja convencional lavoura em Mato Grosso



Principais Marcas Nacionais e Internacionais de Soja Transgênica

     
      Marcas nacionais apresentadas pela unidade da Embrapa Brasileira de Pesquisa Agropecuaria, oito cultivares de soja RR desenvoltidas pela Embrapa: BRS 256 RR, BRS 247 RR BRS 244 RR, BRS 243 RR, BRS 255 RR, BRS 246 RR, BRS 245 RR e BRS 242 RR.

Objetivos de fazer soja transgênica


      Um decréscimo nos preços devido a custos reduzidos e aumento da facilidade de produção, desta forma permitindo um aumento do tempo de armazenamento. Os agricultores seriam os beneficiados com esse desenvolvimento pela flexibilidade aumentada na produção e colheita.
      Resistência contra pragas de insetos ou viroses, e produzindo tolerância a determinados herbicidas. Há claramente um benefício para os agricultores se plantas transgênicas forem desenvolvidas para que sejam resistentes a uma praga específica. Por exemplo, a papaia que é resistente ao vírus Ringspot, poderá haver também um benefício para o meio ambiente se o uso dos pesticidas for reduzido.

Como é obtido este transgênico


O que é transgênico?
     

      Os organismos geneticamente modificados, ou transgênicos, são aqueles que têm determinada característica genética alterada em laboratório. Genes de outros seres, como plantas, animais ou bactérias são transferidos para um outro organismo, que irá adquirir a característica genética do ser o qual foi retirado o gene disso um exemplo disso é a soja. Oginalmente ela não é resistente aos herbicidas necessários para erradicar as pragas que prejudicam seu desenvolvimento, portanto a planta morre em contato com o agrotóxico. Em laboratório, implanta-se em seu código genético os genes da bactéria que é resistente ao herbicida e a soja fica imune à ação do produto.
      Isso faz com que cada vez mais produtores de soja prefiram as sementes transgênicas, obtendo melhor aproveitamento da produção. Mas o professor de Ciências Agrárias e pró-reitor da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), Paulo Martins, alerta: "Isso é uma grande vantagem tecnológica, mas tem o outro lado: os produtores ficam devendo para a multinacional que é dona da patente, a Monsanto, que vai cobrar dos agricultores pelo uso da soja transgênica".
      Já os ecologistas alegam que, por exemplo, no caso da soja, o consumidor fica mais exposto aos danos do agrotóxico, pois antes o herbicida era aplicado somente entre as linhas de soja, onde as ervas daninhas se proliferam. Agora este pode ser aplicado sobre a soja transgênica, deixando o produto totalmente em contato com o veneno.
      A alteração genética poderia trazer excelentes resultados para a qualidade dos alimentos. A batata e o arroz, por exemplo, alterados poderiam conter mais proteínas e vitaminas, combatendo deficiências alimentares em muitas pessoas. Porém pesquisas mostram que certas modificações aumentam casos de alergia e o crescimento da resistência a antibióticos. A questão econômica é um dos fatores que estimulam a produção precoce de transgênicos, como esclarece Paulo Martins: "Existe uma pressão econômica muito grande, porque o objetivo é realmente o lucro, então muita gente se apressa e quer logo usar antes de fazer os testes necessários".
      Muitas pessoas não sabem, mas os transgênicos já existem no mercado há muito tempo. Em 1995, nos Estados Unidos, houve o primeiro plantio em escala comercial da soja transgênica. A Argentina começou a comercialização em 1996. Neste mesmo ano, a Europa também começou a comercializar transgênicos. Os consumidores europeus protestaram e, hoje em dia, quase 100% dos alimentos na Europa não são geneticamente alterados. Nos supermercados do Brasil pode-se encontrar vários produtos de algumas marcas que contém em seus ingredientes soja ou milho transgênicos, como óleos, enlatados, frios, laticínios, margarinas entre outros, sem rotulagem esclarecedora.
      No último dia 12, a Câmara dos Deputados aprovou a Medida Provisória que autoriza o plantio de soja transgênica no Brasil na safra de 2004 para os agricultores que tenham sementes guardadas da safra de 2003. A Medida Provisória isenta os plantadores de apresentarem licenças ambientais e de efetuarem o Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (Rima), mas veda a comercialização dos grãos da safra de 2003 geneticamente modificados, como sementes. Entre os pontos do texto aprovado estão a proibição do plantio e a comercialização de sementes relativas à safra de grãos de soja geneticamente modificada de 2004 e que o consumidor deverá ser informado, em rótulo adequado, a respeito da origem da soja transgênica e de seus derivados e da presença de organismo geneticamente modificado.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Legislação Brasileira que Controla



      São muitos os aspectos positivos, mas, também, muitos os negativos, dos produtos transgênicos, suscitando as mais acaloradas discussões e dificultando a delimitação do âmbito de cada um. Até o momento, o que se apresenta é uma grande confusão jurídica sobre a regulamentação da pesquisa, do plantio e da comercialização dos alimentos transgênicos no país. Há um conflito de competências entre os poderes executivo, legislativo e judiciário. O desafio é justamente entender toda essa parafernália legislativa e sanar as inúmeras dúvidas jurídicas existentesA disputa judicial começou há quatro anos quando, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTN-Bio) emitiu um parecer favorável à liberação da soja transgênica da empresa Monsanto para comercialização no Brasil. Em função disso, o Greenpeace e o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) entraram ao mesmo tempo com uma Ação Civil Pública contra o parecer da CTN-Bio e com Medida Cautelar para impedir a liberação da soja transgênica no Brasil.Essas ações pleiteiam que as políticas públicas e empresariais nestas áreas sejam pautadas pelo cumprimento à Lei brasileira, sobretudo no que diz respeito à Legislação de Defesa do Consumidor e à Legislação Ambiental. Além disso, querem que sejam exigidos estudos permanentes, no sentido de dar segurança ao consumidor quando for adquirir esses produtos. A Justiça, porém, ainda não liberou o plantio. Essa indefinição acirra os ânimos dos que defendem e daqueles que repudiam os OGM (organismos geneticamente modificados). Atualmente, uma decisão judicial proíbe os transgênicos no Brasil, e a 5ª Turma do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, de Brasília, terá que desatar esse nó. O assunto é tão espinhoso que o julgamento, foi adiado várias vezes. Paralelamente, o deputado Fernando Gabeira (PT/RJ), apresentou em 25/03/1997, o Projeto de Lei nº 2.905, que visa o estabelecimento de regras para a comercialização de alimentos geneticamente modificados e cria a obrigatoriedade de que sejam rotulados. A este projeto, foram apensados outros 18, todos tratando do tema "transgênicos": rotulagem, moratória e temas relacionados. Este projeto após tramitar pelas Comissões Técnicas, agora está em discussão na Comissão Especial que foi instalada em 24/05/2001 para este fim. Foram realizadas 29 audiências públicas com a participação de representantes dos mais diversos setores da sociedade. No dia 20/02/2002 em sessão extremamente tumultuada (que ficou conhecida como a "guerra das salsichas"), foi votado e aprovado pela Comissão Especial, o polêmico parecer do relator, deputado Confúcio Moura (PMDB-RO), que assegurou que o substitutivo aos 19 projetos que tramitam em conjunto, atende aos objetivos de órgãos governamentais de pesquisa agropecuária, como a Embrapa e de institutos que estudam os transgênicos. O texto ainda tem que passar pelo plenário da Câmara e do Senado.As medidas propostas por Moura concentram as decisões sobre esses produtos nas mãos da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia. Redefinem, ainda, as atribuições dos especialistas da CTNBio, que serão responsáveis por laudos conclusivos para a liberação ou proibição dos transgênicos, além da fiscalização e do monitoramento das atividades e projetos relacionados a esses produtos. Assim, o projeto de Moura concede plenos poderes à CTNBio para liberar organismos geneticamente modificados sem a necessidade de um estudo prévio de impacto ambiental (EIA/RIMA),No Brasil, há uma legislação de proteção dos consumidores que impõe rotulagem que proporcione informação clara, correta e precisa sobre as características, origem e composição dos alimentos. Este direito está garantido pelo Código de Defesa do Consumidor, vigente desde 11/03/1991Entretanto, em 18/07/2001, o governo editou o decreto 3.871 especificamente para disciplinar a rotulagem de alimentos transgênicos. Voltaram a chover críticas à postura governamental, porque o decreto apresenta imensas lacunas e imprecisões técnicas. Em um dos debates havidos na Comissão Especial, o procurador regional da república, Aurélio Virgílio Veiga Rios, criticou o decreto 3.871. "O Governo acabou anulando o efeito desses dezoitos projetos em tramitação. Tem sido freqüente o Executivo querer legislar". Ele acredita que esse decreto não terá vida longa, pois o Ministério Público entrou com uma ação civil pública contra ele, porque estabelece que quando houver 4% ou mais de transgênicos, esta informação deve vir explícita no rótulo. Mas de acordo com Aurélio, não foi feito um estudo para estabelecer essa porcentagem, ou seja, foi uma escolha aleatória.O decreto 3.871 dispôs, dentre outras coisas, sobre a criação de uma comissão interministerial sobre a rotulagem de alimentos que contenham OGM embalados para consumo humano. Entretanto, esta não foi considerada uma questão urgente para o governo. Tanto isso é verdade, que em 24/11/2000 a assessora do Ministério da Ciência e Tecnologia, Simone Scholze, dizia que a implantação da mesma dependia de uma reunião, sem data marcada, entre os ministros de Agricultura, Ciência e Tecnologia, Saúde e Justiça, para acertar detalhes técnicos do texto final. "Não há motivos para correr com isso, já que não existe nenhum transgênico aprovado para consumo humano no Brasil", disse ela na ocasião. Deverão ser rotulados os produtos que contenham OGM, mas não seus derivados. "Ninguém vai rotular a batata Pringles (produto à venda no Brasil em que se detectaram OGM), nem o frango que comeu milho transgênico, pois não há traços detectáveis de DNA neles", explicitou. Para o MCT, a rotulagem dos derivados é um processo caro, que exige a análise de toda a cadeia de produção industrial. Para rotular esses derivados, seria preciso segregar todos os organismos transgênicos dos não-transgênicos, desde o momento do plantio até a armazenagem, transporte e processamento. OGM serão rotulados caso a caso, à medida que forem liberados pela CTNBio.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Prejuizos de Soja Transgênica


Riscos na Natureza
      O cultivo de qualquer variedade de planta transgênica representa um risco à variabilidade genética, pois essas plantas possuem genes que não estão presentes nas populações naturais. As áreas cultivadas são de grande extensão e estão em contato, direto ou indireto, com outras áreas que contém populações de plantas não-transgênicas. A contaminação das populações naturais por plantas transgênicas pode ter um efeito em cadeia de conseqüências globais, atingindo até mesmo áreas naturais protegidas.
      O cultivo de transgênicos reforça a tendência à uniformidade genética na agricultura, com grandes monoculturas utilizando umas poucas variedades da mesma espécie. Estas variedades estão sendo selecionadas apenas em função de umas poucas características, como a resposta à adubação química no melhoramento convencional e a resistência a uma ou outra praga ou doença, ou ainda a herbicidas, no caso dos transgênicos, estreitando a variabilidade genética destas plantas, tão vital para sua adaptação e evolução no futuro. Isto torna estas culturas extremamente suscetíveis ao ataque de pragas e doenças com grandes riscos para a produção e levando a demandas cada vez maiores de controles com agrotóxicos perigosos para o meio ambiente e a saúde, cultivadas às mais distintas condições ambientais e sociais. Registram-se milhares destas variedades tradicionais de milho, feijão, arroz etc. Com o melhoramento genético científico iniciado neste século começou a substituição destas variedades e muitas se perderam, apesar de os cientistas procurarem guardá-las congeladas em bancos de germoplasma. Inclusive, para criar os transgênicos, os cientistas precisam desta ampla base genética que está se perdendo. Os transgênicos vêm acelerar esta erosão genética, estreitando as possibilidades de adaptação futura das plantas cultivadas às variações climáticas e à diversidade dos ecossistemas.
      No constante embate entre os seres humanos e a natureza, as plantas resistentes aos insetos podem levar ao surgimento de pragas ainda mais poderosas. Os genes desenvolvidos para resistir aos insetos os aos pesticidas podem também migrar para espécies selvagens, resultando na criação de super ervas daninhas.
      Já está comprovado que os transgênicos podem matar outros insetos além daqueles previstos nas intenções dos engenheiros genéticos. Por outro lado, já se comprovou que a toxina Bt foi incorporada por insetos que as transferiram, por sua vez, a seus predadores. A eliminação destes insetos benéficos prejudica seu papel no equilíbrio natural entre as espécies.
      A toxina Bt (por exemplo) pode ser incorporada ao solo junto com resíduos de culturas, afetando invertebrados e/ou microorganismos que têm importante função na reciclagem de nutrientes para uso das plantas. Também o uso maciço de herbicidas nos campos cultivados com variedades em que se introduziu resistência a estes agrotóxicos, como é o caso da soja Roundup Ready, da empresa Monsanto, pode afetar a capacidade de multiplicação no solo das bactérias que retiram nitrogênio do ar e permitem a fertilização natural desta leguminosa.
      A natureza tende a reagir às modificações realizadas nas plantas por meio da transgênese. Já foi verificado, por exemplo, que culturas, como milho e algodão, em que foram introduzidos genes retirados da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt), geraram resistência crescente em espécies de mariposas cujas lagartas passaram a atacar tanto estas culturas, quanto várias outras e, inclusive, algumas plantas silvestres. Este foi também o caso de uma variedade de batata na qual foi incorporado um gene que lhe dava resistência ao fungo que provoca a “mela”. O fungo passou por uma mutação genética que lhe permitiu atacar as plantações do sul dos Estados Unidos, há alguns anos, com efeitos devastadores na produção.
      As empresas multinacionais produtoras de transgênicos necessitam de mercados imensos, em escala global, para recuperar os investimentos na produção de cada variedade. Isto faz com que umas poucas variedades transgênicas tendam a substituir tanto as variedades melhoradas por processos convencionais, quanto as variedades selecionadas pelos próprios agricultores, chamadas locais ou tradicionais.
      Ao longo de séculos os agricultores adaptaram variedades de espécies cultivadas às mais distintas condições ambientais e sociais. Registram-se milhares destas variedades tradicionais de milho, feijão, arroz etc. Com o melhoramento genético científico iniciado neste século começou a substituição destas variedades e muitas se perderam, apesar de os cientistas procurarem guardá-las congeladas em bancos de germoplasma. Inclusive, para criar os transgênicos, os cientistas precisam desta ampla base genética que está se perdendo. Os transgênicos vêm acelerar esta erosão genética, estreitando as possibilidades de adaptação futura das plantas cultivadas às variações climáticas e à diversidade dos ecossistemas.
      Está demonstrada por pesquisas de universidades americanas a possibilidade de transferência espontânea, para plantas silvestres da mesma família, dos genes introduzidos numa variedade cultivada. Por exemplo, os genes introduzidos em espécies cultivadas para torná-las resistentes à herbicidas podem transferir-se espontaneamente para plantas silvestres com risco de torná-las superervas daninhas de difícil controle. Os “transgênicos” também se transferem para variedades tradicionais ou convencionais da mesma espécie em campos vizinhos.
      O uso de plantas geneticamente modificadas para resistir ao ataque de ervas daninhas pode prejudicar os pássaros – não porque as mudanças genéticas sejam danosas a eles, mas porque matar as ervas significa menos alimento para esses animais, anunciaram ontem cientistas ingleses.
      Segundo Andrew Watkinson, da Universidade de East Anglia, em Norwich, algumas das fazendas onde esses vegetais são empregados registraram uma queda de até 90% na quantidade de ervas – ótima notícia para os fazendeiros, mas péssima para aves famintas.
      A equipe de Watkinson usou um computador para prever os efeitos que o cultivo de uma beterraba resistente a ervas daninhas teria no vegetal Chenopodium album, cujas sementes são uma grande fonte de alimento para as cotovias. “Previmos que as populações dessas ervas poderiam ser reduzidas a níveis baixos ou praticamente erradicadas, dependendo da forma de manuseio da terra”, escreveram eles em seu estudo, publicado na revista Science.
      “Os efeitos nos pássaros podem ser graves, porque tais reduções representam uma importante perda de fontes alimentares”, prosseguiram os pesquisadores.
      Segundo Watkinson, esses resultados provavelmente se aplicam em grande escala a outras plantas, ervas daninhas e sementes consumidas pelos pássaros. (Reuters)
      Pesquisadores da Universidade Estadual de Iowa anunciaram ontem que encontraram mais evidências de que o pólen de milho transgênico pode ser mortal para as borboletas monarca, estimulando os ambientalistas a renovarem exigências para restringir mais rigidamente esse cultivo.
      O estudo, publicado na revista Oecologia, surge pouco depois de a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos lançar sua análise defendendo a segurança das plantações de milho e algodão modificados para conterem um gene que combate pragas.
      Segundo os pesquisadores John Obrycki e Laura Hansen, as chances de as lagartas das borboletas monarca multiplicavam por sete sua chance de morrer quando se alimentavam em plantas carregadas com o pólen do milho transgênico Bt, comparado com o milho convencional.
      Bactéria – Bt é a abreviatura de Bacillus thuringiensis, uma bactéria do solo que age como pesticida. O gene foi inserido em milhares de hectares de plantações americanas de algodão e milho para repelir a broca do milho européia e outros tipos de pragas.
      Os pesquisadores colocaram vasos com plantas dentro de milharais transgênicos e em volta deles para simular condições naturais de ocorrência.

Riscos na Saúde

      Por ser desconhecida a extensão das modificações geradas pela manipulação genética, o consumo de produtos transgênicos representa um risco à saúde. A construção de plantas transgênicas é um processo de conseqüências imprevistas, pois a inserção de novos genes podem levar ao aparecimento de características inesperadas, como proteínas alergênicas ou toxinas.
      No que se refere à saúde humana, teme-se que alimentos produzidos com organismos geneticamente modificados possam aumentar, intencional ou inadvertidamente, o nível de toxinas naturais já existentes em muitas plantas, produzindo enfermidades diversas, assim como provocar novas alergias, gerar resistência a antibióticos (usados nessas plantas transgênicas) ou mesmo alterar o valor nutricional e o gosto dos alimentos. Há, também, efeitos indiretos, como a maior presença de resíduos de herbicidas ou pesticidas nos alimentos, produzidos a partir de plantas que tornaram-se resistentes a esses herbicidas, em razão da própria engenharia genética.
      Os alimentos transgênicos poderiam aumentar as alergias. Muitas pessoas são alérgicas a determinados alimentos em virtude das proteínas que elas produzem. Há evidencias de que os cultivos transgênicos podem proporcionar um potencial aumento de alergias em relação a cultivos convencionais . O laboratório de York, no Reino Unido, constatou que as alergias à soja aumentaram 50% naquele país, depois da comercialização da soja transgênica.
      Alimentos transgênicos contendo genes que conferem resistência à antibióticos podem provocar a transferência desta característica para bactérias existentes no organismo humano, tornando-as uma ameaça sem precedentes à saúde pública. Cobaias alimentadas com transgênicos têm apresentado alterações em seu sistema imunológico e em vários órgãos vitais. Outras substâncias benéficas, inclusive que protegem contra o câncer, podem ser diminuídas. Finalmente, há evidências científicas da ação cancerígena dos atuais níveis de resíduos de glifosato permitidos pela legislação americana, enquanto a multinacional Monsanto está pedindo que se multiplique por três o nível de resíduos permitido na soja transgênica resistente a este insumo.
      Apesar destes riscos, alimentos transgênicos já estão a venda. No entanto, como os cultivos transgênicos não são segregados dos tradicionais, e como a regulação de rotulagem é inadequada, os consumidores estão sendo impedidos de exercer o seu direito de escolha, uma vez que não há como identificá-los.

Beneficios de Soja Transgênica


      A tecnologia GM tem sido utilizada para produzir uma variedade de plantas para alimentação, principalmente com características preferidas pelo mercado, algumas das quais têm se tornado sucessos comerciais. Os desenvolvimentos resultantes em variedades comercialmente produzidas em países como os Estados Unidos e Canada têm se centralizado no aumento de vida em prateleira de frutas e vegetais, dando resistência contra pragas de insetos ou viroses, e produzindo tolerância a determinados herbicidas. Enquanto essas características têm trazido benefícios aos agricultores, os consumidores dificilmente notaram qualquer benefício além de, em casos limitados, um decréscimo nos preços devido a custos reduzidos e aumento da facilidade de produção (University of Illinois, 1999; Falck-Zepeda et al 1999).
      Uma possível exceção é o desenvolvimento da tecnologia GM que retarda a maturação da fruta e dos vegetais, desta forma permitindo um aumento do tempo de armazenamento. Os agricultores seriam os beneficiados com esse desenvolvimento pela flexibilidade aumentada na produção e colheita. Os consumidores se beneficiariam pela disponibilidade de frutas e vegetais, tais como tomates transgênicos modificados para amolecerem mais devagar do que as variedades tradicionais, resultando em maior tempo de prateleira e custos decrescentes de produção, melhor qualidade e preço mais baixo. É possível que agricultores , em países em desenvolvimento, possam beneficiar-se consideravelmente de colheitas com tempos maiores de amadurecimento ou amaciamento, pois este fato lhes permitiria maior flexibilidade na distribuição do que no presente. Em muitos casos, pequenos agricultores sofrem perdas substanciais devido ao amadurecimento ou amolecimento excessivo de frutas ou vegetais.
      O verdadeiro potencial da tecnologia GM para enfrentar algumas dessas mais sérias dificuldades da agricultura mundial apenas recentemente começaram a ser exploradas. Os seguintes exemplos mostram o uso da tecnologia GM aplicada a alguns dos problemas específicos da agricultura, indicando o potencial para obter benefícios:


Resistência a pragas.


      Há claramente um benefício para os agricultores se plantas transgênicas forem desenvolvidas para que sejam resistentes a uma praga específica. Por exemplo, a papaia que é resistente ao vírus Ringspot tem sido comercializada e plantada no Hawai desde 1996 (Gonsalves 1998). Poderá haver também um benefício para o meio ambiente se o uso dos pesticidas for reduzido. Plantações transgênicas, contendo genes resistentes aos insetos do Bacillus thurríngiensis, permitiram reduzir significativamente a quantidade de inseticida aplicado no algodão nos Estados Unidos. Uma análise, por exemplo, mostrou uma redução de 5 milhões de acres tratados (2 milhões de hectares) ou cerca de 1 milhão de quilogramas de inseticidas químicos em 1999, quando comparados ao ano de 1998 (U.S. National Research Council, 2000). Entretanto, as populações de pragas ou de organismos causadores de doenças adaptam-se rapidamente e tornam-se resistentes aos inseticidas, e não temos razão para acreditar que isso não acontecerá igualmente rapidamente com as plantas transgênicas. Além do mais, os biotipos de pragas são diferentes em várias regiões. Por exemplo, plantações resistentes, desenvolvidas para serem utilizadas nos Estados Unidos e no Canada, poderão ser resistentes a pragas que não preocupam nos países em desenvolvimento, e isto é verdadeiro seja para plantas transgênicas como para aquelas que são desenvolvidas através de técnicas convencionais de cruzamento. Mesmo quando os mesmos genes que conferem resistência para insetos ou herbicidas podem ser úteis em diferentes regiões, estes terão de ser introduzidos em cultivares adaptados localmente.. Há necessidade, portanto, de mais pesquisa com plantas transgênicas, que tenham se mostrado resistentes a pragas regionais, para verificar sua sustentabilidade em face do aumento de pressões diante de pragas ainda mais virulentas.


Colheitas mais abundante.


      Uma das tecnologias mais importantes , que deram origem à “Revolução Verde” foi o desenvolvimento de variedades de trigo semi-anão de alto rendimento. Os genes responsáveis pela redução da altura foram genes NORIN 10 do Japão, introduzidos nos trigais ocidentais na década de 1950 (Genes insensíveis a giberelina que induzem o caráter anão). Estes genes tinham dois benefícios: eles produziam uma planta mais baixa, mais forte, que respondia ao fertilizante sem cair, e aumentava o rendimento da safra diretamente reduzindo o alongamento das células nas partes vegetativas, desta forma permitindo que a planta desenvolvesse mais suas partes reprodutivas, que são comestíveis. Estes genes têm sido recentemente isolados e foi demonstrado que agem da mesma forma quando utilizados para transformar outras espécies de plantas importantes como alimento (Peng et al 1999). Esta técnica de produzir nanismo pode agora ser potencialmente utilizada para aumentar a produtividade em quaisquer plantas onde o rendimento comercial está em suas partes reprodutivas ao invés de suas partes vegetativas.


Tolerância a pressões bióticas o e abióticas.


      O desenvolvimento de plantações que têm uma resistência inata ao stress biótico ou abiótico ajudaria a estabilizar a produção anual. Por exemplo, o vírus Mottle Amarelo do arroz (RYMV) devasta os arrozais da África destruindo a maioria das plantações diretamente, com um efeito secundário em quaisquer plantas que sobrevivem e que as torna mais suscetíveis às infeções por fungos. Como resultado, este vírus tem ameaçado seriamente a produção de arroz na África. Tentativas convencionais para controlar o RYMV utilizando os métodos tradicionais de cruzamento foram insuficientes para introduzir resistência das espécies selvagens ao arroz cultivado. Os pesquisadores utilizaram uma nova técnica, que é similar à “imunização genética” através da criação de plantas de arroz transgênico resistentes ao RYMV (Pinto et al 1999). As variedades transgênicas resistentes estão atualmente quase prontas para entrarem em testes nos campos para testar a efetividade de sua resistência ao RYMV. Isto poderia trazer uma solução à ameaça do perigo de perda total das plantações de arroz na região do sub-Saara da África.
      Numerosos outros exemplos poderiam ser dados para ilustrar a amplitude da atual pesquisa cientifica incluindo plantas transgênicas, inclusive plantas transgênicas modificadas para combater o vírus redondo da papaia (Souza et al 1999), e a bactéria que traz a ferrugem na folha (Zhai et al 2000); ou como exemplo de stress abiótico, produzir ácido cítrico nas raízes e proporcionar melhor tolerância ao alumínio em solos ácidos (de la Fuente et al 1997). Estes exemplos têm claro potencial comercial, porém será essencial manter pesquisa financiada por fundos públicos em tecnologia GM para que seus amplos benefícios sejam conseguidos. Por exemplo, enquanto a tecnologia GM dá acesso a novas fontes genéticas de resistência, tem que ser estabelecido que estas fontes de resistência serão mais estáveis do que as fontes tradicionais intra- espécies.


Uso de terras marginalizadas.


      Grandes áreas de terra em todo o mundo, seja nas costas como nas áreas internas, têm sido marginalizadas por causa de salinidade e alcalinidade excessivas. Um gene de tolerância à salinidade em manguezais, identificado em Avicennia marina, foi clonado e transferido para outras plantas. Verificou-se que as plantas transgênicas são tolerantes a maiores concentrações de sal. O gene gutD de E.coli também tem sido utilizado para gerar milho transgênico tolerante ao sal (Liu et al 1999). Tais genes são uma fonte em potencial para desenvolver plantas que possam ser usadas em terras marginalizadas (M.S. Swaminathan, comunicação pessoal, 2000).


Benefícios nutricionais.


      A deficiência de vitamina A causa cegueira, parcial ou total, em meio milhão de crianças todos os anos (Conway e Toennissen, 1999)). Métodos tradicionais de cruzamento não têm permitido obter plantas que produzam safras contendo altas concentrações de vitamina A e a maioria das autoridades nacionais tem se apoiado em programas de suplementação vitamínica caros e complicados para solucionar o problema. Os pesquisadores têm introduzido três novos genes no arroz – dois do narciso silvestre e um de um micro organismo. O arroz transgênico demonstra ter uma produção aumentada de beta caroteno, precursor da vitamina A, e a semente é amarela (Ye et al 2000). Este arroz amarelo, ou dourado, poderá ser uma ferramenta útil para ajudar a tratar do problema da deficiência da vitamina A de crianças vivendo nos trópicos.
      A adição de ferro nos alimentos é necessária, porque os grãos de cereais são deficientes em micro nutrientes essenciais, tais como o ferro. A deficiência de ferro causa anemia em mulheres grávidas e crianças pequenas. Cerca de 400 milhões de mulheres na idade de poder gerar crianças sofrem por causa dessa deficiência e têm maiores possibilidades de ter crianças nati mortas ou com baixo peso e de morrerem ao dar a luz. A anemia tem sido identificada como fator que contribui com mais de 20% das mortes pós-parto na Ásia e África (Conway 1999). O arroz transgênico com elevados níveis de ferro foi produzido usando-se genes envolvidos na produção de proteínas que ligam ferro e na produção de uma enzima que facilita a disponibilidade de ferro na dieta humana (Goto et al, 1999). Estas plantas contem 2 a 4 vezes mais ferro do que normalmente encontrado em arroz não-transgênico, mas a biodisponibilidade de ferro terá que ser determinada após maiores estudos. 4.9 Impacto reduzido no meio ambiente A disponibilidade de água e seu uso eficiente têm se tornado questões globais. Os solos sujeitos à lavoura intensiva (aração), para controlar as ervas daninhas e a preparação dos canteiros para as sementeiras, mostram-se propícios à erosão, e há séria perda do conteúdo de água. Sistemas que não utilizam muito a aração da terra têm sido utilizados durante muitos anos em comunidades tradicionais. É necessário desenvolver plantações que prosperem nessas condições, inclusive com a introdução de resistência a doenças das raízes, atualmente controladas pela aração do campo e herbicidas que podem ser utilizados como substitutos da aração (Cook 2000). Aplicações em países mais adiantados mostram que a tecnologia GM oferece uma ferramenta útil para a introdução de resistência a doenças das raízes em condições onde a redução da aração seria benéfica, porém seria necessária uma cuidadosa análise da relação custo-benefício para assegurar que a máxima vantagem seja conseguida. Diferenças regionais em sistemas de agricultura e o impacto potencial de substituir uma plantação tradicional com uma nova transgênica também teriam que ser cuidadosamente avaliados.


Outros benefícios de plantas transgênicas.


      A primeira geração de variedades transgênicas beneficiaram muitos agricultores com custos de produção reduzidos e safras maiores, ou ambos. Em muitos casos, eles também beneficiaram o meio ambiente pelo uso reduzido de pesticidas ou proporcionando meios de fazer crescer plantações com menos aração. Os insetos são responsáveis por enormes perdas nas plantações, nos campos e também nos produtos armazenados, em trânsito ou nos silos, porém a preocupação com os consumidores e com o impacto ambiental tem limitado o registro de muitos pesticidas químicos. Os genes de resistência a pragas dão uma oportunidade alternativa para reduzir o uso de pesticidas químicos em muitas plantações importantes. Além do mais, podem diminuir a contaminação em nossos suprimentos de alimentos por patogenos que trazem problemas para a saúde (e.g. micotoxinas), o que seria um benefício para agricultores e consumidores.


Vacinas e produtos farmacêuticos derivados de plantas transgênicas.

      Vacinas são disponíveis em países em desenvolvimento para muitos tipos de doenças que causam a morte ou desconforto, porém muitas vezes elas são caras para produzir e utilizar. A maioria deve ser armazenada sob refrigeração e administradas por pessoal especializado, sendo que tudo isso envolve custos. Mesmo o custo das agulhas para aplicar as vacinas é proibitivo em alguns países. Como resultado, muitas vezes as vacinas não chegam até aquelas pessoas que mais necessitam delas. Os pesquisadores estão atualmente investigando o potencial da tecnologia GM para produzir vacinas e farmacos com plantas. Isso traria acesso mais fácil, produção mais barata e um modo alternativo para gerar renda. Vacinas contra doenças infecciosas do trato gastro-intestinal têm sido produzidas em plantas tais como batatas e bananas (Mason H.S.;Amtzen C.J. 1995). Outro alvo apropriado seriam os cereais. Um anticorpo contra o câncer, recentemente identificado em sementes de arroz e de trigo, reconhece células cancerosas de câncer do pulmão, de mama e do cólon e, portanto, poderia ser útil no futuro, seja no diagnóstico ou na terapia (Stoger et al 2000). Estas tecnologias estão no início do seu desenvolvimento e existem óbvias preocupações com a saúde dos seres humanos e a segurança do meio ambiente. As pesquisas devem ser feitas durante sua produção, antes que tais plantas possam ser aprovadas como plantações especiais. Contudo, o desenvolvimento de plantas transgênicas para produzir agentes terapêuticos tem enorme potencial para ajudar na solução de problemas com a saúde nos países em desenvolvimento.
      Cerca de um terço dos medicamentos utilizados hoje em dia são derivados das plantas, sendo a aspirina (a forma acetilada de um produto natural das plantas, o ácido salicílico) um dos exemplos mais famosos. Acredita-se que menos de 10% das plantas medicinais tenham sido identificadas e caracterizadas, e existe o potencial de utilizar-se a tecnologia GM de forma a aumentar as safras dessas substancias medicinais, uma vez identificadas. Por exemplo, os valiosos agentes anti-carcerígenos vinblastina e vincristina são os únicos fármacos aprovados para o linfoma de Hodgkins. Ambos são derivados da pervinca de Madagascar, que os produz em concentrações mínimas, juntamente com outros 80-100 produtos químicos muito semelhantes. Os compostos terapêuticos são, portanto, muito caros para serem produzidos. Atualmente há uma intensa pesquisa para investigar o uso potencial da tecnologia GM para aumentar o rendimento de componentes ativos, ou permitir sua produção em outras plantas que sejam mais fáceis de cultivar do que a pervinca.
      Recomendamos que a pesquisa em plantas transgênicas e seu desenvolvimento deve ser focalizada em plantas que (i) melhorem a estabilidade da produção; (ii) assegurem benefícios nutricionais ao consumidor; (iii) reduzam impactos no meio ambiente da agricultura intensiva e extensiva; e (iv) aumentem a disponibilidade de produtos farmacêuticos e vacinas; enquanto (v) forem desenvolvidos protocolos e normas que assegurem que as plantações transgênicas propostas para produtos farmacêuticos, produtos químicos industriais, etc., isto é, para substâncias não alimentícias , não se misturem com plantações transgênicas ou não-transgênicas.