sexta-feira, 28 de maio de 2010

Prejuizos de Soja Transgênica


Riscos na Natureza
      O cultivo de qualquer variedade de planta transgênica representa um risco à variabilidade genética, pois essas plantas possuem genes que não estão presentes nas populações naturais. As áreas cultivadas são de grande extensão e estão em contato, direto ou indireto, com outras áreas que contém populações de plantas não-transgênicas. A contaminação das populações naturais por plantas transgênicas pode ter um efeito em cadeia de conseqüências globais, atingindo até mesmo áreas naturais protegidas.
      O cultivo de transgênicos reforça a tendência à uniformidade genética na agricultura, com grandes monoculturas utilizando umas poucas variedades da mesma espécie. Estas variedades estão sendo selecionadas apenas em função de umas poucas características, como a resposta à adubação química no melhoramento convencional e a resistência a uma ou outra praga ou doença, ou ainda a herbicidas, no caso dos transgênicos, estreitando a variabilidade genética destas plantas, tão vital para sua adaptação e evolução no futuro. Isto torna estas culturas extremamente suscetíveis ao ataque de pragas e doenças com grandes riscos para a produção e levando a demandas cada vez maiores de controles com agrotóxicos perigosos para o meio ambiente e a saúde, cultivadas às mais distintas condições ambientais e sociais. Registram-se milhares destas variedades tradicionais de milho, feijão, arroz etc. Com o melhoramento genético científico iniciado neste século começou a substituição destas variedades e muitas se perderam, apesar de os cientistas procurarem guardá-las congeladas em bancos de germoplasma. Inclusive, para criar os transgênicos, os cientistas precisam desta ampla base genética que está se perdendo. Os transgênicos vêm acelerar esta erosão genética, estreitando as possibilidades de adaptação futura das plantas cultivadas às variações climáticas e à diversidade dos ecossistemas.
      No constante embate entre os seres humanos e a natureza, as plantas resistentes aos insetos podem levar ao surgimento de pragas ainda mais poderosas. Os genes desenvolvidos para resistir aos insetos os aos pesticidas podem também migrar para espécies selvagens, resultando na criação de super ervas daninhas.
      Já está comprovado que os transgênicos podem matar outros insetos além daqueles previstos nas intenções dos engenheiros genéticos. Por outro lado, já se comprovou que a toxina Bt foi incorporada por insetos que as transferiram, por sua vez, a seus predadores. A eliminação destes insetos benéficos prejudica seu papel no equilíbrio natural entre as espécies.
      A toxina Bt (por exemplo) pode ser incorporada ao solo junto com resíduos de culturas, afetando invertebrados e/ou microorganismos que têm importante função na reciclagem de nutrientes para uso das plantas. Também o uso maciço de herbicidas nos campos cultivados com variedades em que se introduziu resistência a estes agrotóxicos, como é o caso da soja Roundup Ready, da empresa Monsanto, pode afetar a capacidade de multiplicação no solo das bactérias que retiram nitrogênio do ar e permitem a fertilização natural desta leguminosa.
      A natureza tende a reagir às modificações realizadas nas plantas por meio da transgênese. Já foi verificado, por exemplo, que culturas, como milho e algodão, em que foram introduzidos genes retirados da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt), geraram resistência crescente em espécies de mariposas cujas lagartas passaram a atacar tanto estas culturas, quanto várias outras e, inclusive, algumas plantas silvestres. Este foi também o caso de uma variedade de batata na qual foi incorporado um gene que lhe dava resistência ao fungo que provoca a “mela”. O fungo passou por uma mutação genética que lhe permitiu atacar as plantações do sul dos Estados Unidos, há alguns anos, com efeitos devastadores na produção.
      As empresas multinacionais produtoras de transgênicos necessitam de mercados imensos, em escala global, para recuperar os investimentos na produção de cada variedade. Isto faz com que umas poucas variedades transgênicas tendam a substituir tanto as variedades melhoradas por processos convencionais, quanto as variedades selecionadas pelos próprios agricultores, chamadas locais ou tradicionais.
      Ao longo de séculos os agricultores adaptaram variedades de espécies cultivadas às mais distintas condições ambientais e sociais. Registram-se milhares destas variedades tradicionais de milho, feijão, arroz etc. Com o melhoramento genético científico iniciado neste século começou a substituição destas variedades e muitas se perderam, apesar de os cientistas procurarem guardá-las congeladas em bancos de germoplasma. Inclusive, para criar os transgênicos, os cientistas precisam desta ampla base genética que está se perdendo. Os transgênicos vêm acelerar esta erosão genética, estreitando as possibilidades de adaptação futura das plantas cultivadas às variações climáticas e à diversidade dos ecossistemas.
      Está demonstrada por pesquisas de universidades americanas a possibilidade de transferência espontânea, para plantas silvestres da mesma família, dos genes introduzidos numa variedade cultivada. Por exemplo, os genes introduzidos em espécies cultivadas para torná-las resistentes à herbicidas podem transferir-se espontaneamente para plantas silvestres com risco de torná-las superervas daninhas de difícil controle. Os “transgênicos” também se transferem para variedades tradicionais ou convencionais da mesma espécie em campos vizinhos.
      O uso de plantas geneticamente modificadas para resistir ao ataque de ervas daninhas pode prejudicar os pássaros – não porque as mudanças genéticas sejam danosas a eles, mas porque matar as ervas significa menos alimento para esses animais, anunciaram ontem cientistas ingleses.
      Segundo Andrew Watkinson, da Universidade de East Anglia, em Norwich, algumas das fazendas onde esses vegetais são empregados registraram uma queda de até 90% na quantidade de ervas – ótima notícia para os fazendeiros, mas péssima para aves famintas.
      A equipe de Watkinson usou um computador para prever os efeitos que o cultivo de uma beterraba resistente a ervas daninhas teria no vegetal Chenopodium album, cujas sementes são uma grande fonte de alimento para as cotovias. “Previmos que as populações dessas ervas poderiam ser reduzidas a níveis baixos ou praticamente erradicadas, dependendo da forma de manuseio da terra”, escreveram eles em seu estudo, publicado na revista Science.
      “Os efeitos nos pássaros podem ser graves, porque tais reduções representam uma importante perda de fontes alimentares”, prosseguiram os pesquisadores.
      Segundo Watkinson, esses resultados provavelmente se aplicam em grande escala a outras plantas, ervas daninhas e sementes consumidas pelos pássaros. (Reuters)
      Pesquisadores da Universidade Estadual de Iowa anunciaram ontem que encontraram mais evidências de que o pólen de milho transgênico pode ser mortal para as borboletas monarca, estimulando os ambientalistas a renovarem exigências para restringir mais rigidamente esse cultivo.
      O estudo, publicado na revista Oecologia, surge pouco depois de a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos lançar sua análise defendendo a segurança das plantações de milho e algodão modificados para conterem um gene que combate pragas.
      Segundo os pesquisadores John Obrycki e Laura Hansen, as chances de as lagartas das borboletas monarca multiplicavam por sete sua chance de morrer quando se alimentavam em plantas carregadas com o pólen do milho transgênico Bt, comparado com o milho convencional.
      Bactéria – Bt é a abreviatura de Bacillus thuringiensis, uma bactéria do solo que age como pesticida. O gene foi inserido em milhares de hectares de plantações americanas de algodão e milho para repelir a broca do milho européia e outros tipos de pragas.
      Os pesquisadores colocaram vasos com plantas dentro de milharais transgênicos e em volta deles para simular condições naturais de ocorrência.

Riscos na Saúde

      Por ser desconhecida a extensão das modificações geradas pela manipulação genética, o consumo de produtos transgênicos representa um risco à saúde. A construção de plantas transgênicas é um processo de conseqüências imprevistas, pois a inserção de novos genes podem levar ao aparecimento de características inesperadas, como proteínas alergênicas ou toxinas.
      No que se refere à saúde humana, teme-se que alimentos produzidos com organismos geneticamente modificados possam aumentar, intencional ou inadvertidamente, o nível de toxinas naturais já existentes em muitas plantas, produzindo enfermidades diversas, assim como provocar novas alergias, gerar resistência a antibióticos (usados nessas plantas transgênicas) ou mesmo alterar o valor nutricional e o gosto dos alimentos. Há, também, efeitos indiretos, como a maior presença de resíduos de herbicidas ou pesticidas nos alimentos, produzidos a partir de plantas que tornaram-se resistentes a esses herbicidas, em razão da própria engenharia genética.
      Os alimentos transgênicos poderiam aumentar as alergias. Muitas pessoas são alérgicas a determinados alimentos em virtude das proteínas que elas produzem. Há evidencias de que os cultivos transgênicos podem proporcionar um potencial aumento de alergias em relação a cultivos convencionais . O laboratório de York, no Reino Unido, constatou que as alergias à soja aumentaram 50% naquele país, depois da comercialização da soja transgênica.
      Alimentos transgênicos contendo genes que conferem resistência à antibióticos podem provocar a transferência desta característica para bactérias existentes no organismo humano, tornando-as uma ameaça sem precedentes à saúde pública. Cobaias alimentadas com transgênicos têm apresentado alterações em seu sistema imunológico e em vários órgãos vitais. Outras substâncias benéficas, inclusive que protegem contra o câncer, podem ser diminuídas. Finalmente, há evidências científicas da ação cancerígena dos atuais níveis de resíduos de glifosato permitidos pela legislação americana, enquanto a multinacional Monsanto está pedindo que se multiplique por três o nível de resíduos permitido na soja transgênica resistente a este insumo.
      Apesar destes riscos, alimentos transgênicos já estão a venda. No entanto, como os cultivos transgênicos não são segregados dos tradicionais, e como a regulação de rotulagem é inadequada, os consumidores estão sendo impedidos de exercer o seu direito de escolha, uma vez que não há como identificá-los.

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